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Além deste caso, também havia um requerimento da Câmara dos Deputados para que o Palácio do Planalto divulgasse informações sobre os dois exames aos quais Bolsonaro foi submetido depois de ter tido contato com ao menos 25 pessoas infectadas.
O esclarecimento do tema é considerado fundamental por uma série de motivos que vão do possível risco à saúde que o presidente poderia ter imposto a pessoas em seu entorno se estivesse contaminado, a um eventual crime de responsabilidade, segundo especialistas, que poderia levar à abertura de processo de impeachment na Casa.
Na cronologia abaixo, a BBC News Brasil reuniu 16 momentos relevantes, durante quase dois meses, em que o tema ganhou destaque:
1. Secretário de Comunicação Fábio Wajngarten tem coronavírus
No dia 12 de março, o governo informou que secretário de Comunicação Social da Presidência, Fábio Wajngarten, havia testado positivo para coronavírus e que estava em quarentena em casa.
O teste positivo ocorreu depois de Wanjgarten retornar de viagem com Bolsonaro e comitiva para a Flórida, nos Estados Unidos. Além do contato com o presidente brasileiro, Wajngarten tirou foto ao lado do presidente americano, Donald Trump, e do vice Mike Pence.
2. Fox News diz que Bolsonaro testou positivo; Bolsonaro diz que testou negativo
A emissora americana Fox News, alinhada à direita nos Estados Unidos, divulgou a informação de que o teste de Bolsonaro para coronavírus tinha dado positivo. Horas depois, no dia 13 de março, Bolsonaro disse que o teste dele para coronavírus tinha dado negativo.
Numa rede social, correspondente-chefe da Fox News na Casa Branca, John Roberts, escreveu que "o filho de Bolsonaro disse à Fox News que o teste preliminar para coronavírus em seu pai deu positivo. Eles aguardam resultados de um segundo teste".
Eduardo Bolsonaro publicou a seguinte mensagem: "Jamais falei com alguém da imprensa que testes do presidente @jairbolsonaro tenham dado positivo, jamais. Até porque essa informação jamais chegou para mim. A única informação que tenho é que PR @jairbolsonaro, Min. @gen_heleno e eu testamos negativo para coronavírus".
3. Casa Branca diz que Trump testou negativo
Depois da divulgação de resultados positivos em membros da comitiva brasileira com quem ele havia encontrado dias antes, Trump ficou sob pressão. Em 14 de março, a Casa Branca informou que Trump teve resultado negativo no exame que fez para detectar o coronavírus.
4. Bolsonaro participa de ato e cumprimenta apoiadores
No domingo (15/3) da mesma semana semana, Bolsonaro descumpriu recomendação de monitoramento em razão do novo coronavírus. Antes de ser submetido a um segundo teste, ele deixou o Palácio da Alvorada e participou de uma manifestação a favor do governo, em que chegou a apertar a mão de apoiadores e manuseou o celular de alguns deles para fazer 'selfies'.
5. Bolsonaro diz que segundo teste deu negativo
Bolsonaro escreveu no Twitter, no dia 17 de março, que o segundo teste ao qual foi submetido deu negativo. "Informo que meu 2° teste para COVID-19 deu NEGATIVO. Boa noite a todos."
6. Mais de 20 integrantes da comitiva de Bolsonaro com coronavírus
Um total de 22 integrantes da comitiva de Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos testaram positivo para o coronavírus até o dia 20 de março. Entre eles, estava, os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, e Nestor Forster, encarregado de negócios do Brasil nos Estados Unidos.
Na ocasião, Bolsonaro disse: "Eu estou bem, fiz dois testes, talvez faça mais um até, talvez porque sou pessoa que tem contato com muita gente. Talvez receba orientação médica".
No fim de março, o Hospital das Forças Armadas (HFA) apresentou ao Governo do Distrito Federal uma lista de infectados com o coronavírus, mas omitiu dois nomes que receberam resultado positivo do exame.
7. Motorista de Bolsonaro dá entrada em hospital com problemas respiratórios
No dia 23 de março, o Correio Braziliense publicou que um dos motoristas do presidente Jair Bolsonaro deu entrada em um hospital de Brasília apresentando problemas respiratórios, o que poderia indicar contaminação pelo novo coronavírus.
Dias antes, outro motorista da Presidência havia sido submetido a um teste para ver se estava com o coronavírus. O primeiro exame deu positivo, mas a contraprova deu negativo.
8. Bolsonaro diz que sua palavra vale mais que um pedaço de papel
Bolsonaro se defendeu dizendo que as pessoas precisam confiar em sua palavra de que não foi infectado.
"Já pensou que prato feito para a imprensa se eu tivesse infectado? Não estou. É a minha palavra. A minha palavra vale mais do que um pedaço de papel", afirmou a jornalistas no dia 26 de março.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, adotou linha semelhante. "Acho que tem de confiar na palavra do presidente. Seria o pior dos mundos o presidente chegar e declarar que testou e deu negativo e depois aparecer que deu positivo".
9. Bolsonaro circula em Brasília, limpa o nariz e aperta a mão de idosa
Em mais de uma ocasião, Bolsonaro circulou por comércios em Brasília e em regiões administrativas do Distrito Federal. Em um desses passeios, em abril, o presidente apertou a mão de uma mulher idosa instantes depois de ter esfregado o próprio nariz.
10. Câmara pede informações sobre os dois exames de Bolsonaro
A Câmara dos Deputados deu 30 dias para o Planalto divulgar informações sobre os dois exames aos quais o mandatário foi submetido depois de ter tido contato com ao menos 25 pessoas infectadas. O ofício foi encaminhado ao Executivo em 16 de abril, segundo a Câmara.
Caso o governo Bolsonaro deixe de responder ao requerimento da Mesa Diretora da Câmara "sem justificação adequada" ou repasse informações falsas, o Artigo 50 da Constituição afirma que a autoridade incorreria em crime de responsabilidade. Isso, em última análise, poderia levar à abertura de processo de impeachment na Casa.
11. Bolsonaro chama atenção do mundo ao participar de ato a favor de 'intervenção militar' e tossir
Bolsonaro discursou, no dia 19 de abril, em ato que pedia "intervenção militar" e o fechamento do Congresso e do Supremo em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Além do conteúdo do discurso (no qual disse "Nós não queremos negociar nada") chamou atenção a tosse de Bolsonaro.
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